70% da Disparidade Salarial Continua Inexplicável por Fatores Objetivos, Confirmando Desigualdades Estruturais no Mercado de Trabalho

No Dia Nacional da Igualdade Salarial que se celebrou Domingo dia 16 Novembro, os novos dados sobre o mercado de trabalho em Portugal trazem um alerta sombrio: a disparidade remuneratória entre homens e mulheres mantém-se significativa. O salário-base feminino continua a ser, em média, 12,5% inferior ao masculino, um fosso que sublinha a teimosia das desigualdades estruturais.

A análise especializada demonstra que a justificação para esta diferença não reside em fatores objetivos como a idade, a escolaridade ou o tempo de serviço. Pelo contrário, mais de 70% desta diferença salarial é considerada inexplicável por estas variáveis, apontando diretamente para formas de discriminação ou valorização diferenciada do trabalho.

A Professora Sara Falcão Casaca, diretora do Observatório Género, Trabalho e Poder do ISEG, em declarações à CNN Portugal, destacou o paradoxo das qualificações: "Se as mulheres não tivessem níveis de qualificação superiores aos dos homens, a disparidade salarial seria pelo menos 23% maior".

Este dado é crucial e reflete o fenómeno do "teto de vidro" e da segregação ocupacional, onde as mulheres estão frequentemente concentradas em setores menos valorizados e têm maior dificuldade em ascender a cargos de topo, independentemente do seu mérito e formação académica. A manutenção destes números reforça a necessidade de as empresas e a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) intensificarem a fiscalização e a aplicação da Lei da Igualdade Remuneratória, visando a correção urgente destas disparidades sistémicas.

Fonte -  CNN Portugal 

Foto - Cig.Gov