Governo distribui manual de 33 páginas com instruções sobre kits de sobrevivência e planos familiares, alertando para riscos que vão de apagões a conflitos armados.
As autoridades dos Países Baixos, frequentemente chamados de Holanda, vão começar a distribuir um manual exaustivo para instruir a população sobre como gerir as suas necessidades essenciais nos três primeiros dias após a ocorrência de uma grave emergência.
O documento, intitulado "Prepara-te para uma situação de emergência", será entregue aos cidadãos entre 25 de novembro e 10 de janeiro, como parte de um esforço para reforçar a resiliência social perante uma vasta gama de ameaças.
O executivo interino holandês classifica o país como "altamente vulnerável" e associa esta iniciativa a cenários extremos como falhas na infraestrutura digital, ciberataques, apagões generalizados, inundações e a possibilidade crescente de um conflito militar, ecoando os recentes alertas da NATO sobre a necessidade de a Europa se "preparar mentalmente para a guerra".
Kit e Plano de Contingência são Prioridades
A principal meta do guia é capacitar as famílias para serem autossuficientes durante o período crítico de 72 horas, durante o qual as equipas de socorro e as autoridades podem não conseguir chegar a toda a gente de imediato.
Entre as medidas práticas recomendadas, destaca-se a organização de um kit de sobrevivência que deve incluir:
Reservas de água e alimentos não perecíveis.
Um rádio alimentado a pilhas, essencial para receber comunicações oficiais.
Cópias de documentos de identificação e um mapa da área residencial.
Um apito para sinalizar a presença em caso de necessidade.
Além do kit físico, o manual incentiva as famílias a criarem um plano de contingência, definindo quem irá recolher as crianças na escola se as comunicações falharem, como prestar assistência a vizinhos idosos ou com mobilidade reduzida, e quais os passos a tomar se os transportes públicos pararem.
Resiliência como Dissuasor
O Ministro da Defesa interino, Ruben Brekelmans, fez questão de sublinhar que a campanha não tem como objetivo instigar o pânico, mas sim fortalecer a confiança e a capacidade de resposta da sociedade.
"Se as pessoas pensarem atempadamente nas primeiras 72 horas, sentir-se-ão mais seguras e estarão melhor preparadas", afirmou Brekelmans, lembrando que a assistência "porta a porta" não é realista num desastre de grande escala.
O ministro acrescentou que uma sociedade bem preparada serve como um elemento de dissuasão: "Se um adversário souber que um ataque não nos desestabiliza, deixa de fazer sentido tentá-lo".