Marcelo recorda alerta a Montenegro e critica gestão dos incêndios
O Presidente da República recordou esta sexta-feira, 22 de agosto, o aviso que fez a Luís Montenegro numa reunião de 13 de agosto, um dia após deflagrarem três grandes incêndios. Marcelo disse ter alertado o primeiro-ministro de que o dia 15 poderia ser “complicado” devido à convergência dos fogos.
Segundo o chefe de Estado, o problema já não era de prevenção, mas de dificuldade no combate, agravada pelas condições naturais: “Os meios aéreos eram muitos e até chegavam novos, mas o fumo e o teto baixo tornavam impossível intervir, o que prolongou os incêndios.”
Apesar do alerta, no dia 14 de agosto Montenegro manteve a festa do Pontal, onde apareceu a celebrar com ministros e dirigentes do PSD. O primeiro-ministro já admitiu que essa decisão pode ter passado a ideia de falta de acompanhamento da crise.
Marcelo, inicialmente reticente em comentar a atuação do Governo, acabou por dizer: “Quem tem de decidir em cima da hora muitas vezes chega tarde ou não percebe bem o alcance.”
Sobre a ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, o Presidente sublinhou a inexperiência: “É um desafio difícil para alguém que está no cargo há dois meses. Mesmo ministros com mais de um ano de experiência tiveram dificuldade em crises semelhantes.”
Relativamente às medidas apresentadas pelo Governo, Marcelo explicou que se dividem em três pacotes:
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Muito urgentes: de aplicação imediata, baseadas numa lei-quadro de calamidade pública.
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Urgentes: dependem da Assembleia da República, incluindo medidas fiscais excecionais.
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Longo prazo: um plano de 25 anos, a que o primeiro-ministro chama “pacto”, inspirado em propostas de 2017.
Marcelo reconheceu críticas de atraso, mas sublinhou que hoje já existe enquadramento legal para indemnizar vítimas, algo inexistente em 2017. Questionado sobre a compatibilidade das medidas com a eventual declaração de calamidade, respondeu: “São coisas diferentes.”