Mais de 2.800 Casos de Violência Filioparental Revelam Crise Silenciosa

Os dados mais recentes da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) traçam um quadro preocupante sobre a dinâmica familiar em Portugal. Nos últimos três anos, a associação registou um forte aumento nos pedidos de ajuda por parte de pais e mães que são vítimas de agressões e violência cometidas pelos seus próprios filhos.

De acordo com a APAV, mais de 2.800 progenitores procuraram apoio, o que se traduz num crescimento superior a 27% neste tipo de violência doméstica. Este número alarmante significa que, em média, a associação lidou com 2,6 novos casos de agressão de filhos contra pais todos os dias.

A violência filioparental, uma realidade muitas vezes escondida, é marcada pela vergonha. A APAV sublinha que o estigma associado a esta situação – ter de admitir ser vítima do próprio filho ou filha – é um dos principais entraves à apresentação de queixa formal, dificultando a intervenção e a procura de soluções.

A associação também apela a que sejam criadas mais estruturas de acolhimento especializadas para estas vítimas. Contudo, reconhece que a saída de casa e o distanciamento do agressor, que é também o seu filho, é uma decisão particularmente complexa e dolorosa, dificultando a adesão a estas soluções de apoio.

A grande maioria das vítimas (quase 97%) é agredida por um único filho, com uma pequena percentagem a ser alvo de mais do que um. Os dados sublinham a necessidade urgente de uma abordagem mais robusta e coordenada por parte das autoridades e da sociedade civil para lidar com esta forma crescente de violência intrafamiliar.