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António Grosso denuncia revitimização de vítimas de abusos sexuais e critica prescrição dos crimes
Publicado em 27/09/2025 18:49
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O porta-voz da associação Coração Silenciado, António Grosso, acusou esta sexta-feira o grupo Vita e as comissões ligadas à Igreja Católica de tratarem as vítimas de forma opaca e intrusiva durante o processo de averiguação de abusos sexuais.

Em declarações feitas em frente à Assembleia da República, Grosso afirmou que as entrevistas realizadas configuraram situações de “intimidação e intromissão”, obrigando sobreviventes a reviver traumas do passado. Segundo relatou, as vítimas eram impedidas de levar telemóveis, papel ou caneta, enquanto as comissões registavam toda a informação. “Fomos apertados e espremidos para testar a verosimilhança dos nossos relatos”, disse, sublinhando que algumas entrevistas chegaram a durar oito horas, em várias sessões, com perguntas que descreveu como “abusivas”, sobretudo dirigidas a mulheres.

O responsável acusou ainda o Estado de falhar no acompanhamento aos menores vítimas de abuso e criticou a manutenção da figura da prescrição na lei portuguesa. Recordou que a Igreja, pressionada pelas vítimas, já eliminou essa regra do seu regulamento de compensações, mas o Estado não seguiu o mesmo caminho. “O trauma não prescreve, mas a lei permite que abusadores fiquem impunes quando a vítima finalmente quebra o silêncio”, apontou.

 

O protesto em Lisboa surgiu um dia depois de a Conferência Episcopal Portuguesa ter anunciado que foram validados 77 dos 84 pedidos de indemnização recebidos, com a comissão responsável pelas compensações a iniciar funções ainda este mês.

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