Um influente grupo de personalidades, que inclui o Bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, e a ex-Ministra da Saúde, Maria de Belém Roseira, lançou um manifesto contundente a denunciar o "esvaziamento" e a crescente deterioração dos cuidados nos centros de saúde de todo o país.

O documento, assinado por dezenas de subscritores, muitos deles ligados ao setor da saúde, aponta o dedo à falta de acessibilidade e ao fecho de portas a utentes com doença aguda, sublinhando que esta realidade está a desvirtuar o papel fundamental da saúde primária.

Linha SNS24 Não Substitui o Médico de Família

Um dos principais pontos de crítica do manifesto prende-se com a utilização indevida da Linha SNS24. Os subscritores alertam veementemente que este serviço telefónico, embora importante, "não foi pensado para substituir as equipas de saúde familiar" nem para servir como barreira de acesso.

O texto destaca a inacessibilidade dos centros de saúde, que, em muitos casos, "já não atendem o telefone, demoram dias a responder a e-mails e chegam até a recusar utentes com doença aguda".

Maria de Belém Roseira defendeu a necessidade urgente de "ter os centros de saúde de volta", exigindo que sejam uma "porta de entrada mais acessível". A ex-governante enfatiza que, especialmente numa população envelhecida, a "relação muito empática, muito direta com o centro de saúde" é essencial para o acolhimento e a proximidade.

O manifesto, que conta com cerca de 30 assinaturas, incluindo também o investigador Sobrinho Simões, apela a uma inversão na política de cuidados de saúde, defendendo que a porta de entrada no Serviço Nacional de Saúde (SNS) volte a ser o centro de saúde, garantindo a acessibilidade e a qualidade da assistência.