A inoperacionalidade do helicóptero do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) sediado em Loulé, no Algarve, voltou a ter um impacto negativo e direto nas operações de socorro na região sul do país. Na passada terça-feira, uma vítima em estado crítico, na sequência de um grave acidente rodoviário na Estrada Nacional 2 (EN2), em Castro Verde (Baixo Alentejo), teve de ser socorrida pelo meio aéreo do INEM destacado em Évora, numa viagem mais longa e dispendiosa em tempo.O acidente, que envolveu um veículo ligeiro de mercadorias e um motociclo ao quilómetro 642 da EN2, resultou em dois feridos, sendo um deles considerado em estado muito grave.
Distância e Atraso Desnecessário
De acordo com informações apuradas, a aeronave de Loulé, cuja área de cobertura inclui o Algarve e parte do Baixo Alentejo, estava fora de serviço por falta de uma peça essencial, cuja substituição terá sido, entretanto, efetuada.
Apesar da base de Loulé estar a apenas 89 quilómetros de Castro Verde, a inoperacionalidade obrigou à mobilização do helicóptero de Évora, que se encontra a uma distância de aproximadamente 123 quilómetros, representando um aumento de tempo de voo numa situação de vida ou morte. O ferido crítico foi transportado para o Hospital de Faro, enquanto a vítima ligeira foi conduzida por via terrestre para o Hospital de Beja.
Reincidência da Falha
Esta não é a primeira vez que o meio aéreo de Loulé falha uma missão desde que o INEM assumiu, a 1 de novembro, a operacionalidade dos quatro helicópteros de socorro a nível nacional, após a Força Aérea ter preenchido uma lacuna de cobertura.
Anteriormente, o mesmo helicóptero não pôde efetuar o transporte urgente de um recém-nascido com hemorragia cerebral congénita do Hospital de Faro para o Hospital Dona Estefânia, em Lisboa. A falha obrigou a que a criança fosse transferida por ambulância pediátrica, resultando numa viagem de cerca de quatro horas, um atraso potencialmente crítico. A criança continua internada em estado reservado.
Desde o anúncio da sua plena operacionalidade, o helicóptero de Loulé, pelo menos em conhecimento público, ainda não realizou nenhuma missão de socorro e já falhou duas.