Matosinhos – A unidade de Cuidados Continuados e Paliativos Pediátricos Kastelo, gerida pela Associação NoMeioDoNada em Matosinhos, encontra-se sob um intenso escrutínio judicial e sanitário após denúncias anónimas de alegados maus-tratos e negligência a crianças utentes, muitas delas em estado terminal.O caso, revelado por jornalistas como Alexandre Panda, levou a uma pesada intervenção no local, onde estiveram presentes investigadores da PSP, peritos do Instituto Nacional de Medicina Legal (INML), elementos da Segurança Social e representantes do Ministério Público (MP).
Segundo fontes próximas do processo, a inspeção confirmou a existência de falhas graves na gestão e manutenção dos recursos, tendo culminado na apreensão de medicação e alimentos com o prazo de validade expirado. Esta descoberta levanta sérias preocupações sobre a qualidade dos cuidados prestados aos menores, dada a extrema vulnerabilidade dos pacientes desta unidade.
O Ministério Público confirmou a abertura de um inquérito, que corre sob segredo de justiça, para apurar a veracidade das denúncias. Paralelamente, a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) confirmou ter recebido diversas reclamações e terá emitido um projeto de deliberação para a suspensão do funcionamento da unidade – uma medida que, a concretizar-se, forçaria a realocação de dezenas de crianças para outras instituições.
A situação agravou-se com a denúncia apresentada pela associação Operação Nariz Vermelho ao MP, que reportou suspeitas de negligência, sublinhando que quaisquer situações de maus-tratos, se comprovadas, são "inaceitáveis". A direção do Kastelo, por sua vez, garantiu na altura ter sido a própria a solicitar uma inspeção à Administração Regional de Saúde (ARS) na sequência das denúncias anónimas, refutando veementemente as acusações de negligência.
A Kastelo, sendo a única unidade especializada em paliativos pediátricos na Península Ibérica, enfrenta agora uma crise de confiança, e as investigações em curso determinarão as responsabilidades e o futuro dos cuidados prestados às crianças mais frágeis do país.