Um novo e severo aviso da Comissão Europeia (CE) coloca Portugal no topo da lista dos países da União Europeia (UE) com o mercado imobiliário mais sobrevalorizado, estimando uma inflação de preços da habitação em cerca de 35%. O relatório, que visa alertar para desequilíbrios macroeconómicos, sublinha que o país está a enfrentar uma das crises de acessibilidade à habitação mais críticas do bloco.O documento de Bruxelas aponta que Portugal é o único Estado-Membro onde a sobrevalorização estimada aumentou significativamente. Esta situação é particularmente preocupante, dado que a evolução dos preços em Portugal registou um aumento superior a 140% entre 2010 e 2025, um dos crescimentos mais acentuados da UE.
Esforço Financeiro das Famílias
Além da sobrevalorização, o relatório destaca o esforço financeiro exigido às famílias portuguesas para aceder à compra ou arrendamento de uma casa, considerando-o dos mais elevados da Europa. O aumento persistente e desproporcional dos preços das casas, face ao rendimento disponível dos agregados familiares, tem contribuído para a deterioração da acessibilidade ao mercado.
A Comissão Europeia adverte ainda para o risco de uma "futura correção mais acentuada" nos preços, caso as condições económicas se deteriorem, e mantém um foco de preocupação sobre o elevado endividamento das famílias portuguesas, agravado pela percentagem significativa de empréstimos hipotecários a taxa variável.
Necessidade de Resposta Estrutural
Em face destes dados, a Comissão Europeia reitera a necessidade urgente de uma resposta estrutural e coordenada por parte das autoridades portuguesas. O desafio passa por aumentar a oferta de habitação, combater o desequilíbrio entre a procura e a oferta e garantir que o mercado imobiliário se alinha com os fundamentos económicos do país para mitigar os riscos de vulnerabilidade financeira.