Uma revolução pode estar a caminho para os passageiros aéreos. O Parlamento Europeu (PE) deu um passo firme para travar o que muitos consideram serem práticas abusivas das companhias aéreas, aprovando propostas que visam tornar gratuitas as malas de cabine e eliminar as taxas de check-in ao balcão e a cobrança por lugares junto dos filhos.As medidas, que surgem num contexto de crescente frustração dos consumidores com os "custos escondidos", prometem redefinir o preço do bilhete de avião.

Malas Gratuitas e Fim da "Taxa Família"

A principal exigência dos eurodeputados é clara: o preço do bilhete deve obrigatoriamente incluir, sem custos adicionais, um item pessoal (como uma mochila ou bolsa de computador) e também uma mala de cabine (trolley) até 7 quilos. A proposta visa acabar com a atual prática de muitas transportadoras aéreas de baixo custo (low cost) que cobram um suplemento para levar a mala de cabine a bordo. O PE exige também a padronização das dimensões destas malas.

Além disso, os eurodeputados querem eliminar a "taxa surpresa" cobrada a muitos viajantes: o check-in ao balcão passará a ser gratuito.

Ainda no capítulo das famílias, o PE exige o fim da cobrança pela escolha de lugar para crianças até aos 14 anos, garantindo que estas possam viajar sentadas ao lado dos pais sem pagar mais por isso.

Compensações por Atraso: Mudar de 6 para 3 Horas

As propostas do Parlamento Europeu vão de encontro à intenção do Conselho da União Europeia (UE) no que diz respeito às compensações por atrasos.

Enquanto o Conselho da UE pretendia aumentar o período de espera para quatro a seis horas antes de pagar uma indemnização, o Parlamento Europeu foi categórico: os passageiros devem ser compensados a partir das três horas de atraso, com valores entre 300 e 500 euros, dependendo da distância.

O eurodeputado Andrey Novakov (PPE) defendeu a proposta, admitindo que a adaptação será difícil para algumas companhias, mas justificando a mudança: “o combustível que têm de pôr a mais no avião [para transportar uma mala de cabine] não custa 70 euros por pessoa”.

As propostas terão agora de ser negociadas com o Conselho da UE, prometendo uma batalha intensa sobre o futuro do modelo de negócios da aviação europeia.